terça-feira, 1 de setembro de 2015

Stefan Bellof, trinta anos depois

Se forem hoje ao Facebook e à Net de qualquer site de automobilismo vão ver que não esquecemos de Stafan Bellof. Passam hoje 30 anos sobre o acidente mortal do piloto alemão nos 1000 km de Spa-Francochamps, quando disputava a liderança da corrida com o Porsche guiado por Jacky Ickx. O alemão tentou uma ultrapassagem "impossivel" na zona de Eau Rouge, causando a colisão de ambos e o carro foi direito ao muro de proteção, causando a morte do piloto de 27 anos de idade.

Sobre o relato, já se falou tudo, mas hoje recomendo que leiam a matéria que o Livio Orrichio, jornalista brasileiro da Globo Esporte, escreveu sobre Bellof, que tem os testemunhos de pilotos e jornalistas como Thierry Boutsen, Martin Brundle e Marc Surer, entre outros. Eis alguns excertos que coloco por aqui:

[Michael Schmidt, jornalista da Auto Motor und Sport, presente em 1985] “Era uma luta sem sentido. A corrida estava ainda na metade e eles travavam um duelo particular. Ickx, com um carro mais atual, e na escuderia oficial, fazia de tudo para Bellof, com um modelo um pouco mais antigo e de um time particular, não ultrapassá-lo.” O jornalista lembra que a competição era na Bélgica, terra de Ickx. E ele mantinha atrás de si o campeão de 1984, Bellof.

Havia uma série de simbolismos naquela batalha desnecessária”, diz Schmidt. “E como havia chovido antes, a pista estava seca, porém um tanto úmida fora da trajetória normal, portanto o nível de aderência não era normal.”

[Thierry Boutsen, companheiro de equipa de Bellof em Spa] “Os chassis em duralumínio não podem ser comparados aos usados agora, em fibra de carbono. Num choque como o de Stefan, de frente, eles dobravam. As rodas dianteiras foram parar atrás do cockpit.O corpo de Bellof estava dobrado, com fraturas múltiplas e hemorragia generalizada.

[Marc Surer, piloto suiço da Brabham em 1985] “Eu me apresentei para aquela prova ainda sob o desgaste da perda do meu companheiro e amigo Manfred Winkelhock, nos 1000 km de Mosport, no Canadá, corrida anterior a de Spa. Correria com um piloto novo (o holandês Kees Kroesemeijer)” (...) “Na hora você não acredita com alguém tão cheio de vida pode morrer. Stefan foi o piloto mais brincalhão com o qual convivi. A vida para ele tinha um significado especial, não tinha medo de nada. E por isso assumia riscos elevados. Esse falta de medo de morrer o matou. Não se ultrapassa por fora na Eau Rouge.

Toda a gente sabe que naquele dia, Bellof queria algo que impressionasse toda a gente, daí a tal tentativa de ultrapassagem num sitio quase impossivel em 1985, pelo menos daquela forma. Contudo, o que mais me espanta por estes dias é que quando digo que os pilotos perderam o medo da morte, dou como exemplo as ultrapassagens do Mark Webber e do Fernando Alonso naquele lugar, em corridas recentes. Daí que digo que quando alguém faz uma manobra daquelas, lhes chamo um "Bellof", porque era aquilo que queria fazer quando bateu. E se forem ver, são ultrapassagens espectaculares, quase o supra-sumo de um manual não-escrito de "como ser tomates de titânio no automobilismo".

Em suma, a sensação que sempre tivemos era que Bellof poderia ter sido campeão, e provavelmente o primeiro alemão, antes de Michael Schumacher. Se na Ferrari ou numa McLaren, não sei dizer, mas creio que naqueles tempos dourados de Nigel Mansell, Nelson Piquet, Ayrton Senna ou até daquela segunda linha como Gerhard Berger, Michele Alboreto, Riccardo Patrese ou Thierry Boutsen, ele teria enriquecido aquele pelotão. 

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