terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A história de mais um "spygate"

Este deverá ter provavelmente menos sabotagens nos carros do que no primeiro, mas oito anos depois do primeiro, a Formula 1 passa por um novo "spygayte", e como no primeiro, a Ferrari está envolvida. Mas se em 2007, eles eram vitimas, desta vez é a acusada.

A pessoa em questão chama-se Ben Hoyle, cujo contrato com a Mercedes acabaria no final deste ano, mas a marca de Estugarda pediu para que ele fosse forçado a um ano sabático, ou seja, só começasse a trabalhar para a Ferrari em janeiro de 2017 (e não em janeiro de 2016) porque ele teria acesso a dados sensíveis em relação ao carro da próxima temporada. A sua carreira começou na Prodrive, antes de ir para a Cosworth, em 2010, e em 2012, rumou para Brackley, a sede da Mercedes, para o cargo de "Performance Aplication Team Leader", que é o equivalente a chefe da mecânica.

E o que faz uma pessoa como ele? Basicamente calibrar o motor e os vários sistemas de propulsão híbridos do carro, como o MGU-K, o ICE (inglês para motor de combustão interna), o turbocompressor, e o armazenador de energia, entre outros. E isso é importante, porque, por exemplo, foi graças ao mau desenho do MGU-K que a Honda andou a penar na temporada de 2015, arrastando-se no final do pelotão, apenas com a Manor atrás deles...

O problema é que isto teve tempo. Hoyle afirma que avisou a Mercedes a meio de 2014 que iria embora no final do ano seguinte, e eles o colocaram na área do DTM no inicio deste ano, negando todo o acesso ao departamento que cuida dos carros de Formula 1. Contudo, a Mercedes alega que ele teve acesso a dados sensíveis referentes a corridas desta temporada, como o GP da Hungria, com códigos para os desencriptar. Para além disso, eles afirmam que Hoyle guardou vários ficheiros em diversos suportes, incluindo data que fora apagado, mas que poderia ser recuperado graças a programas feitos para esse efeito na Ferrari.

Assim sendo, a marca não só quer que esses documentos sejam devolvidos como quer impedir que ele trabalhe na Scuderia até daqui a um ano. Resta saber se há algum juiz, quer na Grã-Bretanha, quer na Alemanha, leve as acusações da Mercedes a sério. E Hoyle é o melhor especialista mundial em termos de motor de combustão interna.


A história diz que isto pode acabar mal, muito mal. Quem ainda se recordar do caso, em 2007, Nigel Stephney foi acusado de passar segredos da Ferrari para a McLaren, depois de ter se apropriado de um manual com detalhes do chassis desse ano. Denunciado à FIA, a McLaren acabou por ser excluida do campeonato de construtores e Stephney não mais trabalhou para a Formula 1 antes de morrer num acidente de viação, em 2014. 

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