domingo, 10 de janeiro de 2016

A imagem do dia (II)

Lembrando de Jean-Pierre Beltoise por hoje, o calendário calha de modo coincidente num 10 de janeiro, onde há precisamente 45 anos, em Buenos Aires, o piloto francês foi noticia pelas piores razões, quando o seu Matra chocou contra o Ferrari 512 de Ignazio Giunti, acabando com a morte do piloto italiano de 30 anos.

Empurrar um carro sem gasolina de um lado para o outro da pista não parece ser a melhor das táticas, mas como Beltoise estava à entrada das boxes, achou por bem tentar. Mas esse era um tempo onde a segurança não era a coisa mais fantástica do mundo, e as mortes no automobilismo eram frequentes. Contudo, todos sentiram que aquilo era evitável e a ideia de um homicídio negligente pairou nas cabeças de muitos. E ele sofreu por causa disso, quer na sua vida, quer na sua carreira.

E a imprensa, tal como foi na altura e tal como é hoje, gosta de sangue. No final desse ano, o seu cunhado, Francois Cevért, lembrou-se disso quando viu os poucos jornalistas que tinha à sua espera quando vinha com o troféu de vencedor do Grande Prémio dos Estados Unidos, a prova mais rica do ano (50 mil dólares para o vencedor, uma quantia bem gorda naqueles tempos...) "Esses jornalistas!" - começa por dizer à sua irmã Jacqueline - "quando Jean-Pierre voltou da Argentina depois do 'caso Giunti', estavam 300 jornalistas à espera dele no aeroporto. Eu venço uma corrida e não estão mais do que três ou quatro à minha espera. Decididamente, a imprensa adora os escândalos!", conclui.

A vida, quando quer ser injusta, mostra-se em todo o seu esplendor.

E demorou para que ele pudesse deixar para trás o que aconteceu nesse dia. Só em 1973, quando andava na BRM, é que pode ir a terras argentinas, e em 1974, no último ano da Formula 1, conseguiu pontuar, com um quinto posto.

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