terça-feira, 5 de abril de 2016

Os perigos dos novos chassis a partir de 2017

À partida, a temporada de 2017 será uma onde haverá um novo tipo de regulamentos, e onde os carros serão mais velozes e mais agressivos, especialmente em curva, e terão pneus mais largos, para além de um regresso às asas como eram em 2008. Ainda nada está decidido, mas as equipas já andam a pesquisar para o carro do ano que vêm, e os primeiros resultados tem sido reveladores: os pilotos poderão aguentar altos niveis de pressão nas forças centrifugas, na ordem dos 5.5 G's em curva. 

E isso surge numa altura em que Fernando Alonso, como sabem, sofreu um forte acidente na Austrália, aguentando um impacto de 45 G's, pouco mais de metade daquilo que o corpo do ser humano pode aguentar. E mesmo assim, isso não evitou que sofresse fraturas numa das costelas e um pneumotorax, que o impediu de alinhar na prova seguinte, o GP do Bahrein.

Segundo conta o site Motorsport no final da semana passada, os carros com o novo desenho poderão ser por si só três segundos mais velozes dos que são atualmente, fora aquilo que a Pirelli poderá fornecer às equipas em termos de pneus. É que só por aí, os compostos que a marca italiana fornece este ano tiraram um segundo aos tempos feitos no ano passado. Contudo, apesar dos carros poderem ser 10 km/hora mais lentos em curva - isto de acordo com o que um dos engenheiros já afirmou, nas simulações que já foram feitas - os novos carros poderão ser bem mais velozes em curva. 

A título de exemplo, a matéria da Motorsport fala que os carros poderão fazer a Curva 3, em Barcelona a 275 km/hora, em vez dos 240 que fazem neste momento. E a força que os pilotos são submetidos nessa curva poderão fazer com que passem a suportar forças de 5,5 G's (cinco vezes e meia o seu peso), em vez dos 3 G's que são submetidos atualmente. E isso os coloca bem perto do seu limite suportável do corpo humano, pois a partir dos 6 G's, os pilotos de caça costumam passar mal, levando a situações de perda de consciência.

Sobre esse assunto, Charlie Whiting, diretor de corrida da Formula 1, já deixou claro que estava confortável com esta situação, confiando que os circuitos atuais cumprem as diretrizes da FIA.

"A nossa forma de certificar se os circuitos são seguros é que tomamos um perfil de velocidade típica de um carro de Formula 1, colocá-lo numa simulação e nos diz até que ponto é que as áreas fora da pista funcionam e a que velocidade é que o carro é provável que atinja as barreira de proteção", começou por afirmar.

"Tanto quanto nós podemos estabelecer, o tipo de perfil de velocidade que estamos propensos a ver significa que vamos acabar com uma velocidade de ponta mais baixa do que o atual, mas a velocidade nas curvas será mais elevada e estamos inteiramente confiante de que nos circuitos existentes, isso não será um problema", concluiu.

Contudo, do lado dos pilotos, há uma crescente preocupação, nem tanto pelo facto do aumento das velocidades em curva, mas sim pelo crescente uso do "downforce" aerodinâmico, em vez de abandonar isso a favor do coeficiente mecânico. Para além disso, outra grande preocupação é que as finanças das equipas serem mais pressionadas para construírem carros com materiais mais exóticos, logo, mais caros. 

Ainda antes da corrida barenita, Lewis Hamilton dizia que os regulamentos deveriam dar mais ênfase à mecânica do que a aerodinâmica:

"Acho que precisamos de mais aderência mecânica e menos aerodinâmica quando estamos atrás de um carro, que é para que possamos chegar mais perto dele e poder ultrapassar. Sermos cinco segundos mais rápidos por volta, mas com mais aerodinâmica, nada muda nesse quesito, estamos apenas a guiar mais depressa", comentou.

A história dos novos regulamentos a partir de 2017 ainda não está totalmente decidia, e as equipas está agora a desenhar os novos carros. Contudo, pelo que vê, poderão estar a abrir novos precedentes, e num extremo, a perigar mais os pilotos em relação à velocidade que pretendem alcançar. Ou em termos de resumo: persistem numa tecla errada.

1 comentário:

Paulo Abreu disse...

Não sei porque, mas lendo isso me fez lembrar 94...