domingo, 3 de abril de 2016

Outras cinco histórias que parecem mentira... mas é verdade!

Parecendo que não, quando escrevia na sexta-feira sobre as histórias bizarras na Formula 1 mais parecem ser dignas de uma noticia de 1º de abril... mas que na realidade, aconteceu mesmo, cheguei à conclusão que havia mais "estórias" bizarras que merecem ser contadas, que apesar de já terem passado alguns dias sobre essa data, decidi fazer uma segunda contagem de cinco, onde aqui podemos falar de mais do que orgias sado-maso-nazis ou despedimentos por causa de carros que se tornaram camiões. Aqui, fala-se de vencedores sem controlo, campeões mentirosos, esperas à porta da fábrica e até... corredores clandestinos!

Em baixo, conto outras cinco "estórias" que parecem mentira, mas são verdade! 


1 – Comemorar... batendo (Brambilla, March, 1975)


Vittorio Brambilla era um piloto de motos consagrado até se virar para as quatro rodas, no final dos anos 60. Apesar de já ter passado dos 30 anos quando o fez, o seu talento e velocidade foi mais do que suficiente para ser campeão italiano de Formula 3 em 1972, e dois anos depois, chegar à Formula 1, com a March, e o enorme apoio da firma de materiais mecânicos Beta, que o fazia com que andasse sempre com carros - e capacete - laranja.

Em 1975, Brambilla já era conhecido pela sua velocidade e pelo seu estilo sem compromissos. Chamavam de "Gorila de Monza", pois não so era veloz, como era capaz de destruir o carro. Tinha feito a pole-position na Suécia, e quando a Formula 1 chegou à Austria, para a corrida local, o italiano tinha marcado o oitavo melhor tempo.

Mas poucas horas antes de começar a corrida, as nuvens acercaram-se do local e caiu uma forte chuva, que encharcou a pista. Brambilla era muito bom à chuva, e cedo subiu ao terceiro posto, atrás de James Hunt e Niki Lauda. Uma hesitação de ambos em passar um concorrente atrasado fez com que o italiano ficasse com o primeiro posto, na volta 16.

Contudo, o tempo piorava à medida que as voltas passavam, e na 29ª passagem pela meta, a bandeira vermelha foi mostrada, acompanhada... pelo de xadrez, que assinalava o final da corrida. Brambilla viu as duas e eufórico, comemorou a vitória... fazendo um pião e batendo no muro de proteção do circuito. Felizmente, nada ficou danificado, excepto o seu bico, e deu a volta ao circuito para comemorar.

O bico danificado ficou depois pendurado na sua oficina em Monza até à sua morte, em maio de 2001. Ele foi vitima de ataque cardíaco enquanto aparava a relva... 


2 - Lamento, mas foi engano (Hoffman, Copersucar, 1976)


A temporada de 1976 estava na sua terceira corrida quando o pelotão da Formula 1 estreava-se no circuito citadino de Long Beach. A Copersucar, equipa brasileira surgida no ano anterior e construída à volta de Emerson Fittipaldi, tinha um segundo carro, guiado por um jovem talentoso brasileiro, de seu nome Ingo Hoffmann, que tinha mostrado serviço da Formula 2.

A grelha em Long Beach tinha sido reduzida a apenas vinte carros, e com 27 pilotos inscritos, qualificar por ali iria ser bem dificil, especialmente para quem não tinha muita experiência com o FD04. Hoffmann deu o seu melhor, e enquanto Emerson conseguia ser o 16º, ele andava no limite da qualificação. No final, tinham indicado a ele que conseguira o 20º tempo e iria alinhar na corrida, no dia seguinte.

Contudo, esses dias, a contagem de tempos não era eletrónica e teve-se de fazer uma contagem manual, para ver se tudo se alinhava. No final, Vittorio Brambilla fora melhor do que ele e Hoffmann era o primeiro dos não-qualificados, causando desgosto na equipa, e claro, no piloto.

Na corrida, a Copersucar passou da depressão à euforia, quando Fittipaldi levou o seu carro ao sexto posto, dando o primeiro ponto da sua carreira à equipa.


3 – O piloto clandestino (Heyer, ATS, 1977)


A ATS é uma equipa alemã fundada por Gunther Schmid, que tinha feito uma fortuna a construir jantes de liga leve para automóveis, na Alemanha. Em 1977, Schmid comprou o património da Penske e contratou o francês Jean-Pierre Jarier para guiar um dos seus carros, conseguindo um meritório sexto posto na primeira corrida, em Long Beach.

Schmid andou apenas com um carro até ao GP da Alemanha, onde permitiu a inscrição de um segundo carro, para o local Hans Heyer, que tinha fama nos Turismos e Endurance. Contudo, não conseguiu a qualificação, sendo o primeiro dos não-qualificados, o que daria a chance de alinar, caso algum dos que tinha ficado à sua frente não pudesse alinhar.

Só que Schmid (ou foi Heyer?) tinha outras ideias. Conhecido dos comissários de pista, conseguiu convencê-los em colocar o carro na saída das boxes, e partir depois do pelotão passar pelo local. Quando o viram arrancar, todos ficaram surpresos, pois ele não estava nos planos. A sua corrida durou dez voltas, até que a caixa de velocidades do seu Penske quebrou, mas entretanto tinha sido desclassificado, passando à história como o único piloto... clandestino, na Formula 1.  


4 - A persistência compensa (Barrichello, Brawn, 2009)


Em dezembro de 2008, a Honda anuncia o abandono (precipitado) da Formula 1 depois de duas temporadas frustrantes, onde não conseguira mais do que um terceiro lugar em Silverstone, com Rubens Barrichello ao volante. O piloto brasileiro tinha o desejo de ser campeão do mundo, e torcia para que o projeto do novo chassis, feito por Ross Brawn, desse a volta à situação.

Depois de um mês de incerteza, Brawn salvou a equipa, comprando os bens da equipa (chamando-a de Brawn GP) e adquirindo motores Mercedes, depois da indisponiblidade da Honda. Com isso tudo resolvido a meio de fevereiro, faltavam os pilotos, com Jenson Button a ser rapidamente anunciado como piloto da marca, e Brawn tinha preferência pelo brasileiro, com quem tinha trabalhado na Ferrari.

Só que suposições não são certezas, e Barrichello sabia disso. Então, decidiu levar a sua autocaravana para Brackley, a sede da (agora) Brawn e esperou pacientemente para que ele desse uma resposta positiva, ajudando na montagem da equipa. Após alguns dias de espera, a persistência (e acampamento) compensaram: Barrichello andaria no carro nessa temporada. E andou bem: duas vitórias, em Valência e Monza, e uma pole-position, em Interlagos, terminando no terceiro lugar de um campeonato ganho pelo seu companheiro de equipa, Jenson Button. 


5 - Pancadaria na discoteca (Sutil, Force India, 2011)


Como um momento de irreflexão pode dar cabo de uma carreira. O alemão Adrian Sutil, que andou em equipas como Spyker, Force India e Sauber, conseguiu ao todo 147 pontos e uma volta mais rápida, tendo como melhor resultado um quarto lugar no GP de Itália de 2009, acompanhado pela volta mais rápida.

Em 2011, Sutil estava a começar a sua quarta temporada na equipa quando chegaram ao GP da China. A corrida não foi nada demais, com o alemão a chegar ao fim num modesto 15º posto. No final, foram descontrair numa das discotecas mais luxuosas da cidade, acompanhado de outros membros, incluindo Lewis Hamilton. Sutil teve uma discussão com um dos CEO's da Genii Capital, Eric Lux, e na briga subsequente, o alemão atingiu-o com um copo de champanhe partindo, ferindo Lux no pescoço, e obrigando-o a levar 24 pontos no pescoço.

Sutil pediu desculpa pelo incidente, mas Lux processou-o por agressão, e foi julgado na Alemanha, onde a 31 de janeiro de 2012, acabou por ser multado em 200 mil euros e uma pena de dezoito meses de pena suspensa. No meio disto tudo, a Force India acabou por não renovar o seu contrato para 2012, substituido por Nico Hulkenberg, e o próprio Hamilton, que tinha sido arrolado como testemunha de defesa, não apareceu no julgamento no dia acordado, porque, alegadamente, era no mesmo dia da apresentação do seu carro. Escusado será dizer que a amizade entre os dois terminou aí. 

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