segunda-feira, 18 de julho de 2016

A imagem do dia (II)

Há precisamente 35 anos, em Silverstone, a McLaren voltava à ribalta. Ao ver John Watson no lugar mais alto do pódio, era o culminar de um processo que tinha começado dois anos antes, quando a equipa fundada por Bruce McLaren tinha batido um ponto baixo, obrigando a reagir. 

Em 1979 e 1980, a McLaren tinha alcançado um ponto baixo. A equipa não tinha conseguido fazer um carro com efeito-solo decente, e nessas duas temporadas, a equipa chegou a ter quatro chassis, conseguindo apenas 26 pontos. Mesmo havendo esperança com o novato francês Alain Prost, a Marlboro, patrocinadora da marca, exigiu mudanças a Teddy Mayer, sob pena de retirar o seu patrocinio.

Por essa altura, a tabaqueira apoiava uma equipa de Formula 2, a Project Four. Era chefiada por Ron Dennis, um antigo mecânico da Brabham, então com 32 anos, que ao longo dos anos tinha andado na competição, tornando-se num dos melhores desse pelotão. Dennis tinha ambições de colocar o Project Four na Formula 1, mas John Hogan, o patrão da Marlboro na Europa, tinha outras ideias. Queria que ambos os projetos se fundissem num, ficando cada um com 50 por cento. Ambos os homens, que não gostavam um do outro, acederam: um, porque garantia a sobrevivência, outro porque alcançava a Formula 1 e quem sabe, poderia ficar com a equipa sem gastar um tostão.

A partir dali, todos os projetos de chassis se chamaram McLaren-Project Four: MP4.

A Marlboro decidiu chamar para ali um projetista inglês, john Barnard, que tinha dado nas vistas ao construir o Chaparral 2K, com motor Offensauser Turbo e que tinha dado a Johnny Rutheford a vitória no novo campeonato CART, com um material novo: fibra de carbono. Leve e muito resistente, feito a partir de cerâmica, cozido em fornos de alta temperatura, era fabricado numa firma de Denver, que tinha trabalhado com a NASA, a Hercules Aerospace.

Barnard desenhou o carro e construiu um monocoque totalmente em fibra de carbono do qual era uma estreia na Formula 1, cujos chassis eram feitos de aluminio. O carro estreou-se no GP da Argentina, mas os primeiros pontos aconteceram em Jarama, quando Watson dava à equipa o seu primeiro pódio desde o GP da Argentina... de 1979. Na corrida seguinte, Watson fora segundo, atrás de Alain Prost, que agora era piloto da Renault, e depois veio o GP da Grã-Bretanha, que nesse ano foi no veloz circuito de Silverstone.

Watson foi quinto na grelha, mas conseguiu fugir à confusão nas primeiras voltas, que eliminou, entre outros, Alan Jones e Gilles Villeneuve. Watson aproveitou também a desistência de mais alguns pilotos para dominar uma corrida de atrito, acabando com uma vantagem de 40 segundos sobre Carlos Reutemann, no seu Williams. Após três anos e meio, depois de James Hunt ter ganho o GP do Japão de 1977, a McLaren estava de volta ao lugar mais alto do pódio.

Aquela foi a única vitória de Watson e da McLaren naquele ano, que também foi marcado pelo acidente do mesmo Watson em Monza, onde o carro ficou partido em dois, mas o piloto saiu incólume. O carro está até aos dias de hoje em exposição no átrio da empresa, para demonstrar o poder e a resistência da fibra de carbono. E desde aquele dia, a Formula 1 iria ser completamente diferente. 

Sem comentários: