sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Mais polémica sobre o campeonato feminino

Para quem não sabe, houve eleições na FIA - eu sei, parecendo que não, é uma instituição e não uma empresa - e Jean Todt decidiu continuar a ser presidente, talvez para o resto da sua vida (tem 72 anos), e nomeou vários vice-presidentes para um pouco espalhar o seu poder na instituição. Uma das comissões é a das Mulheres no Automobilismo e ele nomeou para lá uma pessoa que se afirma como piloto, a espanhola Carmen Jordá. A sua carreira é mais do que conhecida, e os seus resultados fazem com que a Milka Duno seja considerada como piloto. Claro, ela está orgulhosa pela sua nomeação, mas houve quem reagisse a essa nomeação. Foi outra piloto, a britânica Pippa Mann.

Mann - que anda na IndyCar e venceu corridas na Indy Lights - reagiu à sua nomeação na sua conta pessoal do Twitter afirmando o seguinte: 

"Querida FIA, se as noticias que ouvi forem as corretas, e vocês nomearam um piloto sem resultados de relevo, que não acredita que compitamos como iguais neste desporto, como representante das mulheres no automobilismo, então estou incrivelmente desapontada. Sinceramente, uma corredora da #Indy500 e uma vencedora na #IndyLights".

Como é sabido, Mann disse esta semana que estava contra a ideia de um campeonato feminino de automobilismo, afirmando que seria uma maneira de perpetuar a segregação entre homens e mulheres, quando a FIA deveria apoiar eram as mulheres que pretendem subir a escada das competições de acesso, mas que não tem condições para tal.

Não negando a Jordá em si, creio que existe uma grande quantidade de mulheres que fizeram resultados bem melhores do que ela. Não vou dizer que conseguiu o seu lugar na Formula 1, como piloto de testes da Lotus, porque era bonitinha e precisavam de uma modelo para posar com um fato e capacete de competição, mas de uma certa forma, apenas deu razão a Bernie Ecclestone quando gosta de afirmar que as mulheres não passam de acessórios. E claro, isso é insultuoso para todos os que acreditam na igualdade e que as mulheres deveriam ter uma chance neste meio.

Contudo, O que se passa neste momento é mais ou menos público: há rumores de um campeonato feminino, do qual querem erguer por volta do final desta década. Há um nome envolvido - outro espanhol, Felix Portero - mas também se ouve que nos bastidores anda Bernie Ecclestone. Mesmo retirado da Formula 1, mesmo ter vendido todas as suas ações, mesmo multimilionário e com quase 90 anos, parece que ele tem o vicio do automobilismo no seu sangue. E de controlar tudo, de uma certa forma. Ainda tem lucidez suficiente para amaldiçoar a Liberty Media, pois ainda tem os seus papagaios para dizer o que pensa, de forma politicamente incorreta, sobre a Formula 1 atual, e se tiver a chance de minar todo o processo, ele fará isso.

Contudo, rumores são rumores, e historicamente, é sabido que ele também nunca gostou muito da FIA. Logo, se é uma jogada para provar o seu ponto de vista sobre mulheres ao volante, então pode-se dizer que é uma jogada muito estranha. Será que ainda tem fome de poder? Ou quererá provar algo?

Uma coisa e certa: Carmen Jordá não é a mulher indicada para estas coisas. Mais parece alguém que gosta dos bastidores e vestiu um fato e fez algumas corridas para poder dizer aos quatro cantos que andou em carros de competição. Se for assim, então, é qualquer um. E claro, o receio que que isto não ajudará a causa feminina é bem real.

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