segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Daqui a onze anos...

Como sabem, no passado dia 12, este canto comemorou mais um aniversário. Neste caso, o 11º. Custa-me a crer que uma coisa destas, feita para combinar a minha paixão pelo automobilismo pela minha prática da escrita jornalistica, fosse tão longe e durasse tanto tempo. E com vontade de prolongar.

Contudo, hoje dei por mim a pensar sobre o que poderá ser o mundo em 2029, e acho que o que irei escrever por aqui poderá ser aquilo que não consegui escrever naquele dia porque a minha mente não permitiu isso, por bloqueamento ou algo mais, não sei.

Então aqui vai: dentro de onze anos...

- metade da energia captada virá de fontes renováveis, sejam elas solares, eólicas ou em menos grau, energia das ondas. E custarão muito menos do que uma central nuclear e captarão muito mais energia do que todas essas centrais. E terão baterias que acumularão energia durante o dia e a disponibilizarão na grelha quando quiserem, sem a sobrecarregar.

- os carros serão autónomos, oitenta por cento deles serão elétricos. Existirão dois tipos de carros: os que terão baterias de lítio, que serão usadas para carros mais acessíveis, com autonomia de 400 a 500 quilómetros, enquanto que os modelos de luxo terão baterias sólidas, essencialmente supercapacitadores de grafeno, que terão entre o dobro e duas vezes mais a autonomia - cerca de 1200 a 1500 quilómetros. E por causa dos automatismos, os acidentes na estrada reduzir-se-iam em 80 por cento.

- a condução partilhada entre pessoas faria com que existissem cada vez menos carros na estrada. Há quem diga que dentro de vinte anos poderia haver menos 80 por cento de automóveis que existe em 2018, logo, os engarrafamentos poderão estar à beira da extinção. 

- certas coisas que temos como garantidos hoje passarão a ser do passado: noventa por cento das oficinas mecânicas iriam ser encerradas, e as que se mantinham abertas iriam especializar-se em coisas especificas, como reparação de clássicos. E a profissão de mecânico quase seria algo em extinção, a não ser que se especializasse nos clássicos. 

- os seguros automóveis seriam menores e mais baratos que são agora.

E eu só falo de coisas específicas dos automóveis. Não falo de outras coisas que andam a ser discutidas, como por exemplo, a legalização das drogas leves como a cannabis - legal em dez estados americanos neste momento - do rendimento básico incondicional ou da robotização do trabalho, cada vez mais robôs a fazer muitos dos trabalhos indesejáveis e repetitivos, especialmente na industria. A ideia de ter uma fábrica na vossa vizinhança como garantia de criação de centenas - ou milhares - de empregos poderá ter os dias contados, porque boa parte desses empregos podem ser substituídos por robôs que fazem tudo melhor, mais rápido... e sem reclamar.

E nem falo que provavelmente em 2029 estaremos em Marte, e que viagens até ao Espaço serão tão baratas que a elite, a troco de alguns milhares de euros, poderá passar alguns minutos no Espaço a ver que a terra é redonda, para cólera da "Sociedade da Terra Plana"...

Sei perfeitamente que algumas destas coisas podem não acontecer, mas quis ser o mais realista possível nestas previsões. Não falei sobre Formula 1, IndyCar, Formula E, Ralis, ou outra categoria em particular, porque não sei o que vai acontecer nessas categorias. E claro, sei do "backlash" que as pessoas estão a ter sobre as coisas que estão a ser implementadas nessas categorias, como o "Halo" e outros.

Aprendi algumas coisas com o tempo: uma delas é que a grande maioria das pessoas não pensa mais além do que o que vai comer ao jantar, e tirando uma ou duas coisas, não faz ideia do que o futuro o reservará. E pior: quando sabe, tem um medo horrível. Daí se agarrar ao passado, na ilusão de que "era bom", e daquelas coisas "de raíz", em contraste com os "de Nutella". Não ficaria nada admirado se em 2029, essas "Nutelices" serão elevadas a "raíz" pela nova geração. Seria uma ironia risível...

Mas, como sabem, essa gente não olhará para trás, porque nessa altura, não se lembrarão destes dias de hoje. Já disse isto na altura da polémica das "grid girls": daqui a seis meses, a discussão termina e tudo aquilo que eles lamentaram e se zangaram se manterão. Não é o "admirável mundo novo" de Aldous Huxley, mas o mundo muda a uma velocidade incrível. E apenas temos de nos adaptar, quer queiramos, quer não.

E quem se lembra o que discutíamos em 2007? Alguém poderia imaginar carros elétricos a entrarem no "mainstream"? Nessa altura, muitos falavam desses carros como uma piada, porque ficaram com uma ideia que demora a sair das suas mentes, de serem lentos e terem uma escassa autonomia. Só que esqueceram que as baterias eram de ácido, como temos nos carros a gasolina. Agora, as baterias são outras, e outras aparecerão. E todos os dias, num "drag strip" de arrancada, um Tesla Model S sem bancos come "muscle cars" ao pequeno almoço, dando calendários de avanço em mãos mais capazes...

O mundo muda, cada geração faz a sua revolução. E alguns dos nossos sonhos "impossíveis" tornam-se "possíveis". Tememos ou abracemos esse mundo, depende de nós.

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